Um dos assuntos polêmicos sobre os quais sou muito questionado é o de adesivagens de fotografias. Por esse motivo, resolvi falar um pouco sobre o tema. Antes de tudo, gostaria de ressaltar que sou contra a adesivagem de obras de arte. As montagens de trabalhos artísticos precisam ser totalmente reversíveis, seguindo as normas internacionais que regem este assunto. Existem muitas formas de fixação da obra sem necessidade de adesivá-la. E isso pode ser assunto para outro texto.
De qualquer forma, não se tratando de um trabalho assinado ou quando a adesivação é uma imposição, é preciso ter bom-senso e escolher a melhor maneira. Por isso é preciso levar em conta três questões.
1 – Suportes:
Não existe suporte perfeito. Cada um tem pontos negativos e positivos, e é preciso avaliar o que melhor se adequa a cada trabalho.
Alumínio composto: as vantagens são a leveza, a superfície lisa e a resistência. Por ser um suposto material inerte (digo suposto porque nem todos são), deve-se ter cuidado na escolha do revestimento que o produto recebe. Por outro lado, há o problema do aumento da variação de temperatura; o ponto de expansão é muito diferente do adesivo e do papel, além de ser o material mais pesado de todos os listados aqui.

PS: tem como ponto positivo a leveza e a superfície muito lisa, é um material barato, porém é preciso ter em conta o rápido ressecamento, pouca durabilidade e, em alguns casos, verificar se há plasticidas nocivos à composição do papel.

Foam Board: preço e leveza são seus principais pontos positivos. Em alguns casos a reversibilidade ou recuperação também pode ser um benefício. Como desvantagem, temos a fragilidade ou resistência: se o trabalho adesivado ficar exposto diretamente, certamente haverá amassados nas bordas. Lugares com alta umidade podem ser um problema para o Foam, e é preciso aumentar a proteção por trás.

Poliondas: também apresentam como vantagem o preço e a leveza, porém é um material com plasticidas nocivos para foto, as ondulações podem marcá-la e, em alguns casos, a estática pode atrair poeira, o que requer um reforço da proteção por trás.

Passepartout: fácil reversibilidade e alta durabilidade são os pontos positivos, é o melhor material em termos de conservação desde que este seja de qualidade arquivistica. Os problemas são as medidas restritivas e a baixa rigidez.

2 – Adesivos:
Basicamente podemos classificá-los em três tipos: adesivos de pressão, adesivos em spray ou líquidos e adesivos térmicos. Também com vantagens e desvantagens em cada um deles
Adesivos de pressão ou dupla-face: dependendo da largura, alguns modelos podem ser aplicados manualmente, mas geralmente são usados em calandras ou laminadoras, principalmente em fotografias com mais de meio metro quadrado de dimensão. A principal diferença entre eles são o tipo de adesivo usado, base d’agua ou base solvente, e o tipo de suporte (recheio entre os adesivos) que é usado. No Brasil os mais comuns são os de base solvente com suporte de poliéster, mas também é possível encontrar alguns tipos de base d’agua e com suportes diferentes ou até mesmo sem nenhum tipo de suporte. Os adesivos de base d’agua são menos nocivos para papéis de algodão ou alpha-celulose. A decisão pelo tipo de suporte deve levar em conta a gramatura do papel e em qual base será adesivado.

Colas líquidas ou colas em Spray: são as de aplicação mais fácil. É possível colar imagens de até um metro quadrado de tamanho, mas, com prática e habilidade é possível até fazer maiores. Não precisam necessariamente de equipamentos para aplicação, mas o uso de prensas ou calandras pode ajudar na fixação. Com colas brancas o recomendado é que preferencialmente sejam usadas as de pH neutro, e a aplicação geralmente é feita por rolinhos de espuma. Nas colas em spray o mais indicado é seguir as instruções do fabricante, pois cada uma delas tem um modo de aplicação para evitar o aparecimento de bolhas no futuro. Para fotografias, as colas mais apropriadas são as que possuem o selo P.A.T ou dizem ser Photo Safe (seguras para fotografias).

Colas Térmicas: seu uso é exclusivo em prensas a vácuo com calor. São adesivos com propriedades de conservação que não agridem o material. São práticos e fáceis de usar. Alguns modelos permitem a reversibilidade completa, embora o processo seja complicado e delicado. Como necessita de calor para aplicação, não pode ser aplicado em certos tipos de fotografia.

3 – Métodos ou Equipamentos:
Manual: a colagem manual funciona bem em fotos de até meio metro quadrado. Em imagens maiores, o risco de bolhas ou vincos é grande. O mais comum é o uso de colas brancas ou spray e alguns modelos de dupla-face (geralmente os sem suporte). A aplicação precisa ser feita em ambiente limpo, e o uso de luvas para manusear as fotos é recomendado. No caso de colagens em spray, é preciso ter cuidado com nuvem de cola para não fazer sujeira ou espirrar em lugares indesejados.

Prensas a vácuo: o uso desse equipamento é bastante simples, porém não serve para qualquer tipo de colagem. Suportes pesados como alumínio composto não funcionam, pois a máquina não consegue produzir vácuo. Pode ser usado em adesivagens com colas em spray ou liquidas e, neste caso, pode ser aplicado a frio. Nos modelos a calor utilizam-se adesivos térmicos, e é preciso também verificar se o suporte onde será adesivado suporta o calor e se o tipo de trabalho também aguenta alta temperatura

Calandras ou laminadoras de pressão: atualmente é o processo de adesivação mais usado. Permite adesivar de maneira segura imagens grandes em praticamente todos os suportes. Existem vários tamanhos de máquinas e diversas marcas, tanto nacionais como importadas. É preciso ter cuidado no manuseio para não danificar o trabalho e para o operador não se machucar.

Importante lembrar que quando uma foto é colada em qualquer suporte, esse material passa a fazer parte do trabalho, e é preciso protegê-lo também. Nunca um fundo de um quadro pode ser diretamente o suporte da imagem ou entrar em contato com a parede. Deve-se proteger a base da fotografia adesivada para que esta não fique danificada.
Colagem de fotografias é sempre um processo de risco. Quando se tem prática e utilizam-se os materiais corretos, as chances de erro diminuem, e os problemas futuro também. É preciso colocar na balança e combinar o melhor processo a ser utilizado, o tipo de cola e o suporte para cada trabalho.